A
educação brasileira vem apresentando resultados pouco satisfatórios em relação
a diferentes aspectos envolvendo a alfabetização, não somente de crianças, como
também de jovens e adultos.
Mediante
os dados apresentados pela PNA, há muitos anos o Brasil vem implementando
diversos planos, diretrizes, programas, etc., voltados a amenizar o problema, e
os esforços não são poucos, mas os desafios são gigantes, proporcional ao
tamanho do território brasileiro, que além de ser grande e diversificado,
apresenta graves desigualdades.
Em
contrapartida, temos vasta teoria que embasa todo o trabalho pedagógico
nacional, mas que por vezes foi mal interpretada deixando a educação a mercê da
própria sorte. Mas, agora é hora de unificar todo o processo educacional
brasileiro e a Base Nacional Comum Curricular poderá facilitar essa unificação.
Diante
disso a PNA aborda aspectos relevantes para uma proposta de alfabetização capaz
de melhorar os índices desfavoráveis da educação brasileira. Ela vem com um
enfoque baseado em evidências científicas, que foram a base das propostas
educacionais dos países que modificaram suas políticas públicas, alcançando um
progresso significativo na aprendizagem da leitura e da escrita.
Uma
abordagem importante para o aprofundamento da alfabetização é a Ciência
Cognitiva da Leitura, que se ocupa especialmente dos processos linguísticos,
cognitivos e cerebrais envolvidos na aprendizagem e no ensino das habilidades
de leitura e de escrita. Essa teoria defende a real importância do professor,
pois a leitura e a escrita não é algo que se aprende de forma natural, mas é
necessário que seja ensinado de modo explícito e sistemático.
Para
entender todo o processo de alfabetização é importante compreender o que é
Literacia, que engloba o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
relacionados à leitura e à escrita, bem como sua prática produtiva. Assim,
poderíamos complementar o processo de Literacia em Literacia Emergente, que
acontece antes do processo formal de alfabetização, onde a criança aprende
habilidades que serão importantes na sua trajetória escolar. E é daí que se
percebe o papel fundamental da Educação Infantil, onde a criança é introduzida
nos fundamentos da alfabetização. Tem-se também a Literacia Familiar, que
demonstra que o êxito das crianças está fortemente relacionado às vivências e
experiências que elas têm no ambiente familiar.
Porém,
falar somente de leitura e escrita torna a aprendizagem singular em meio a
tantos conhecimentos para que de fato torne um sujeito alfabetizado. Assim, a
Numeracia diz respeito às habilidades de matemática que permitem resolver
problemas da vida cotidiana e lidar com informações matemática.
É
possível perceber que estes conceitos vão além dos já tão conhecidos:
Alfabetização e Alfabetização Matemática; esses compreendem o sujeito como um
todo, na sua integralidade, dando maior relevância ao professor e o papel da
família em todo o processo.
As
pesquisas recentes apontam que várias áreas do cérebro passam por modificações
e adaptações, chamada de plasticidade neuronal, quando ocorre a aprendizagem do
processo de leitura e escrita, pois envolve várias áreas do cérebro que se
“conectam” para dar conta de decodificar, processar o som e ainda representá-lo
através da escrita. E mais ainda poder compreender não só palavras, mas
diferentes tipos de textos.
Para
a PNA, as habilidades de leitura e escrita vão se unindo gradualmente como fios
numa corda, e assim a leitura se torna cada vez mais proficiente. Com a
automatização das habilidades de reconhecimento de palavras é liberado espaço
na memória para os processos de compreensão.
É
na Educação Infantil que inicia o primeiro contato com o ambiente escolar e a
aprendizagem da leitura e da escrita depende em grande parte da bagagem
linguística recebida antes da criança ingressar no Ensino Fundamental, onde se
inicia formalmente a alfabetização. Por isso, o professor deve voltar o seu
olhar para questões do cotidiano, não só com questões mecânicas de leitura e
escrita. É considerar o famoso termo alfabetizar letrando, fazendo com que as
crianças aumentem suas experiências cotidianas e principalmente aprendam a
aprender, a buscar seu próprio conhecimento, através de um ensino que incentive
a pesquisa, instigue a curiosidade.
A
PNA, mais uma vez, deixa claro que isso deve fazer parte do cotidiano dos
professores também, para que busquem conhecimento e se baseiem suas práticas
nas evidências que a ciência traz para a área pedagógica.
Assim,
o objetivo principal de tudo isso é garantir qualidade de ensino e
aprendizagem, caminhando sempre na busca de bons resultados, com experiências
prazerosas tanto para as crianças como para os professores.
Por Stephânia Silveira
Referência: BRASIL. MEC. Secretaria de Alfabetização.PNA: Política Nacional de
Alfabetização. Brasília: MEC, SEALF, 2019
DEIXANDO
MINHA OPINIÃO BEM PESSOAL SOBRE TUDO ISSO:
Ao
redigir este texto penso, como estudante de nutrição que sou, como nosso
trabalho está baseado inteiramente em evidências científicas. E por que o
pedagogo deverá agir diferente? Eu estou agindo diferente na Pedagogia. Nunca
li artigos científicos para embasar minha prática, apenas para trabalhos na
graduação e pós. Como professora vejo que falhei muito esperando apenas
materiais prontos dos cursos que faço. Mas existem professores que instigam o
cognitivo dos seus alunos e vocês que propuseram a redação deste, diante a
leitura da PNA me fez abrir os olhos e ver como nosso trabalho é baseado em
metodologias prontas, que nos são entregues e pouco importamos de onde vem, que
fundamentos estão por trás. Será que é só por falta de reconhecimento,
salário... ou será por falta de curiosidade, de compromisso real com a
educação, comprometimento. Devemos abrir nossa mente para o novo, para o óbvio
e correr atrás de evidências, de estudos que comprovem o que realmente
funciona, o que realmente traz melhorias ao campo educacional.
Obrigada
professoras!
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