UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP
Centro de Educação a Distância
Pedagogia
A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DO
ALUNO ALFABETIZANDO E O PAPEL DO PROFESSOR NESSE PROCESSO
2013
RESUMO
INTRODUÇÃO
A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
DO ALUNO ALFABETIZANDO
E O PAPEL DO PROFESSOR NESSE PROCESSO
E O PAPEL DO PROFESSOR NESSE PROCESSO
1- COMO A CRIANÇA APRENDE
2- CONTRIBUIÇÕES E METODOLOGIAS PARA A ALFABETIZAÇÃO
3- O PAPEL DO PROFESSOR
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
O
presente artigo é uma revisão bibliográfica, no qual teve como material de pesquisa
sites da internet e livros, com o objetivo de entender melhor a amplitude da
temática “construção do conhecimento”, através dos sistemáticos e importantes
estudos de Piaget, Ferreiro e Teberosky, para entender na prática como se
desenvolve o conhecimento do aluno alfabetizando e o papel do professor nesse
relevante processo do desenvolvimento.
Palavras-chave:
Construção. Conhecimento. Alfabetizando. Desenvolvimento.
This article is
a literature review, which had as research material internet sites and books,
in order to better understand the breadth of the subject "construction of
knowledge" through systematic and important studies of Piaget, Blacksmith
and Teberosky, in practice to understand how to develop the student's knowledge
and literate teacher's role in this important development process.
Keywords:
Construction. Knowledge. Alfabetizando. Development.
O tema abordado neste
artigo tem a finalidade de esclarecer o processo pelo qual a criança aprende e
como o professor pode contribuir para facilitar a construção do conhecimento do
aluno nos anos iniciais do ensino fundamental I.
Há um vasto campo
teórico que trata sobre a construção do conhecimento na alfabetização, mas,
apesar disso, os professores tem um entendimento superficial sobre tal assunto,
deixando de contribuir efetivamente para o aprendizado da criança. Por isso, é
preciso enfatizar, ainda mais, a importância de se compreender como a criança
aprende e como o professor pode contribuir para facilitar a construção do
conhecimento do aluno.
Com base nestes
apontamentos o trabalho está dividido em três partes, sendo que cada uma está
ligada à outra com o objetivo de entender e melhorar o aprendizado do aluno.
Na primeira parte,
tem-se o esclarecimento de como a criança aprende, baseado nos estudos de
Piaget, que traz os períodos de desenvolvimento da criança, explicando cada um
conforme a idade em que esta se encontra.
Na segunda parte são
apresentadas as contribuições e metodologias para a alfabetização com base nas
pesquisas de Ferreiro e Teberosky, onde a prática pedagógica deve agir de forma
com que a criança busque o seu conhecimento sobre o que ela vive e vê,
vivenciando situações em sala de aula, que representem o real, ou seja, a
realidade que a cerca.
Já na terceira parte,
finaliza-se com o papel do professor na construção do conhecimento do aluno,
buscando atitudes positivas que o professor pode incorporar para ajudar o aluno
a superar suas dificuldades e progredir melhor no seu desenvolvimento.
Enfim, será exposto,
além das pesquisas realizadas por estes autores renomados, reflexões acerca dos
apontamentos levantados, a fim de contribuir, ainda mais, com o bom
desenvolvimento do trabalho.
O aluno do ensino
fundamental passa por constantes experiências que marcam profundamente a sua
história escolar. Já no 1º ano começa a escrever as primeiras letras, palavras
e, na maioria das vezes, sai sabendo ler pequenos textos. A partir daí já se
tem uma noção da transformação que passa a cognição dessa criança. Em menos de
um ano, a criança que nem sabia escrever evolui a uma leitura capaz de entender
frases e textos.
Para que essa
construção do conhecimento se concretize e evolua como o esperado, é preciso
ficar atento como esse conhecimento acontece e se instala em cada sujeito. Para
isso, Piaget formulou, em anos de experiências, como se dá a construção do
conhecimento, desde que o individuo nasce, entendendo detalhadamente cada
período em que passa a criança. Neste trabalho será explicitado melhor a fase
em que a criança está no ensino fundamental, entre os seis anos e os dozes anos
de idade.
Devido a contribuição
de Jean Piajet para a pedagogia sobre o estágio adequado para ensinar
determinados conteúdos é imprescindível sua citação neste trabalho para que
seja respeitado as possibilidades mentais das crianças, afim de obter sucesso
na construção do conhecimento infantil.
Piaget apresenta quatro
períodos ou estágios caracterizando o que a criança aprende e faz melhor em
cada idade:
·
1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos):
A criança nesta fase de
desenvolvimento está centrada em si mesma, como se o mundo fosse a continuação
do próprio corpo.
Ao longo desta fase a
criança passa por importantes mudanças, tanto em relação ao desenvolvimento
físico, com o aperfeiçoamento de hábitos motores, quanto ao desenvolvimento
cognitivo, com o aprimoramento da inteligência que a permite ver o mundo, onde
há outras pessoas presentes junto consigo.
A criança neste período
utiliza-se a inteligência prática, envolvendo as percepções e os movimentos
para conseguir o que quer, adquirindo novas habilidades. Toda essa evolução
proporcionará à criança um domínio cada vez maior do ambiente, agindo,
gradativamente, de forma ativa e participativa.
·
2º período: pré-operatório (2 a 7 anos):
Este é um período
extremamente relevante para nortear as conclusões deste trabalho, que visa
entender o aprender no ensino fundamental I.
A criança entra nesta
fase escolar por volta dos 06 anos de idade, por isso é importante compreender
o que ela já sabe antes de ingressar no 1º ano do ensino fundamental, para
entender como intervir para melhorar ainda mais sua aprendizagem.
Este período é
caracterizado pelo aparecimento da linguagem que traz, à criança, modificações
nos seus aspectos afetivo, intelectual e social, que lhe permite interagir e
comunicar com outras pessoas e ainda antecipar suas ações futuras.
Com a linguagem,
aparece também o desenvolvimento acelerado do pensamento, mas este se encontra
dependente do outro e do real, que é transformado conforme os desejos e as
fantasias da criança (função simbólica).
Para esclarecer melhor
a função simbólica, será citado o trabalho de Haydt (2006, p.41) em seu livro
Curso de Didática Geral, onde mostra que a
função
simbólica ou semiótica é aquela que possibilita a evocação representativa do
objeto ou acontecimento ausente. A função simbólica é importante para o
desenvolvimento infantil porque, à medida que possibilita interiorização da
ação, serve de base para a formação e organização das operações intelectuais
concretas, contribuindo para a passagem da ação à operação, que vai ocorrer na
fase seguinte. Por outro lado, possibilita também a utilização dos signos
convencionais da linguagem, permitindo que a criança tenha acesso às formas de
comunicação. Graças à linguagem, que surge nesta fase, a criança é capaz de reconstituir
suas ações passadas sob a forma de narrativas e de antecipar suas ações futuras
pela representação verbal.
A função simbólica atua
na criança pela sua capacidade de imitar, a formação da imagem mental, a
representação gráfica dos objetos e acontecimentos, etc. Além disso, a criança
ainda está centrada nas suas ações e por isso se situa no mundo como sendo o
ser central, onde tudo deve satisfazer apenas as suas necessidades e desejos.
Essa fase é chamada de
egocentrismo que vai sendo minimizado ao longo do período pré-operatório.
Piaget, citado por Haydt (2006, p.42), “define o egocentrismo como um estado de
não diferenciação entre o sujeito e o mundo exterior, que produz a centração na
ação do momento”. Mas, já que no final deste período, o egocentrismo deixa de
ser tão marcante, a criança se descentraliza permitindo a evolução dos sistemas
operatórios e, ainda deixa o jogo simbólico para uma fase de jogos de
construção de regras, onde se utilizam de pensamentos mais objetivos e de
atitudes socializadas, tornando possível as tentativas de trabalho em grupo.
Em relação à
afetividade, a criança desenvolve simpatias, antipatias, afeições e respeito
por quem convive com ela. O respeito surge aos indivíduos que se julgam
superiores a essa criança, principalmente os pais e os professores, que são
figuras de inspiração.
Ao saber de todas essas
características infantis do período pré-operatório, fica clara a intervenção do
professor, para que ajude o aluno na construção do seu próprio conhecimento.
Haydt (2006, p.43) informa que “Piaget sugere aos educadores que proporcionem
às crianças atividades que estimulem os sentidos e motricidade, a capacidade de
observação, a expressão, artística e a convivência grupal, além de propiciar
condições para a prática do jogo simbólico”.
·
3° período: Operações concretas (7 a 11
ou 12 anos):
Este período marca a fase em que a criança se
encontra no ensino fundamental I (1° ao 5° ano). Isto significa que é preciso
ficar atento a todos os aspectos relacionados à construção do conhecimento,
para que o aluno conclua essa fase com maior desenvolvimento cognitivo, para
então encarar o ensino fundamental II (6° ao 9° ano) com uma boa estrutura de
aprendizagem e conhecimento.
Este período, portanto,
é o ponto chave para a elaboração deste trabalho, que trata da construção do
conhecimento do aluno de 1° ao 5° ano, onde ele se prepara na alfabetização,
nas primeiras operações matemáticas e nos conceitos relacionados às outras
áreas de conhecimento.
O período das operações
concretas é caracterizado pela formação das operações formais, onde a criança
interioriza suas ações mentais, construindo uma lógica e coordenando pontos de
vista diferentes, sendo capaz, assim, de cooperar com os outros, de trabalhar
em grupo e agir de forma mais autônoma.
Tudo isso é adquirido,
progressivamente, ao longo do período das operações concretas, até que a
criança seja capaz de desenvolver valores morais, como o respeito mútuo, a
honestidade, a justiça e a cooperação.
A criança já consegue
ter uma noção de conservação de peso, comprimento e quantidade no início do
período, e, ao seu final a noção de conservação de volume.
Segundo Bock (2008, p.104) em relação ao
pensamento da criança deste período, ela já é capaz de
estabelecer
corretamente as relações de causa e efeito e de meio e fim; sequenciar ideias
ou eventos; trabalhar com ideias sob dois pontos de vista, simultaneamente;
formar o conceito de número (no inicio do período, sua noção de número está
vinculado a uma correspondência com o objetivo concreto).
Em relação às suas
atitudes, as crianças tendem em pensar antes de agir, refletindo sobre as suas
ações, ao invés de resolver conflitos com condutas impulsivas. Isso faz com que
ela seja capaz de se concentrar e manter uma boa convivência com outras
pessoas. Além disso, a criança passa a ter interesse pelos jogos com regras,
respeitando o outro.
Haydt (2006, p.46)
sugere para esse período algumas diretrizes que vão ajudar no trabalho escolar,
a fim de contribuir para a construção do conhecimento do aluno:
1-
As atividades de construção do conhecimento devem estar ligadas à manipulação
de objetos, à observação da realidade, à pesquisa e à vivência das situações.
Deve ser dada à criança a oportunidade de observar e de agir sobre os objetos,
manipulando-os
e transformando-os. Nesta fase, a concretização é essencial na aprendizagem e
facilita a aquisição do conhecimento, ajudando também no desenvolvimento das
estruturas cognitivas. Quando as operações são executadas diretamente sobre os
objetos, através da manipulação de objetos reais, a criança não apenas descobre
informações sobre as coisas e os fenômenos, adquirindo conhecimentos, como também
amplia
e aperfeiçoa sua capacidade operatória.
2-
O trabalho didático deve organizar-se a partir de situações-problema, que
constituam um estímulo ao raciocínio do aluno e um desafio a sua capacidade de
pesquisa e descoberta.
·
4° período: Operações formais (11 ou 12
anos em diante):
Esse período é caracterizado
pelos seguintes aspectos:
o
Surgem as operações intelectuais e
abstratas;
o
Progressivamente liberta-se do concreto;
o
Raciocínio a partir de hipóteses;
o
Faz e desfaz mentalmente uma ação;
o
Tendência em fugir da realidade;
o
Organização dos valores;
o
Desenvolvimento da cooperação e
sociabilidade;
o
Lida com conceitos de liberdade e
justiça;
o
Cria teorias sobre o mundo;
o
Tem no grupo de amigos um referencial
para o comportamento e atitudes.
Todos esses aspectos
são decisivos para a convivência na sociedade, quando chegar à vida adulta. Se
bem desenvolvido o adolescente terá um equilíbrio entre o real e os ideais de
ação e transformação.
Para isso o aluno deve
ser estimulado com pesquisas, experimentos, problemas e trabalho em grupo, para
que cada um dê sua opinião e criem suas próprias hipóteses.
Diante de todo esse processo
em que passa a criança até chegar à vida adulta, fica clara a importância de
uma intervenção adequada para o bom desenvolvimento do aluno em relação à
convivência na sociedade.
Contribuições e metodologias para
alfabetização
Para nortear esta etapa
do trabalho serão consideradas as pesquisas de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky,
que se baseiam nos estudos de Jean Piaget. Para ele o sujeito constrói o seu
conhecimento ativamente, compreendendo o meio em que vive através de suas ações
sobre ele. Por isso, no desenvolvimento de uma metodologia que favoreça a
construção do conhecimento do aluno é necessário colocá-lo no centro do
processo de aprendizagem, deixando-o reconstruir e antecipar seus próprios
conceitos.
Então antes de abordar
com mais detalhe essa metodologia é preciso recordar o que dizem, Ferreiro e
Teberosky (1999, p.31), sobre o método de ensino, pois ele pode “ajudar ou frear,
facilitar ou dificultar; porém não pode criar aprendizagem. A obtenção de
conhecimento é um resultado da própria atividade do sujeito.” Assim , a partir
disso, a metodologia deve sempre permitir que o aluno busque o seu próprio
conhecimento, interagindo com o objeto desse conhecimento.
Para entender melhor
como ocorre a evolução do conhecimento infantil, principalmente, da criança dos
anos iniciais do ensino fundamental é imprescindível que a metodologia se atente
às transformações do pensamento infantil.
Ferreiro e Teberosky
começam a analisar essa evolução no livro Psicogênese da Língua Escrita, em
crianças acima de 4 anos mostrando como elas reconhecem se um texto serve ou
não para ler. Mesmo não sabendo ler elas usam vários critérios para a
classificação dos textos, ou pequenos cartões que variam em letras cursivas, de
imprensa e números.
Os dados obtidos com a
análise mostram que a maioria das crianças exigem pelo menos três letras para
que possa ler algo e que essas letras não podem ser repetidas. Algumas crianças
confundem a letra de imprensa com os números e ainda pensam ser três letras, a
letra “m” cursiva, aumentando o número de letras nos cartões. Embora persistem
algumas confusões e formas de classificação inadequada para um adulto, todas as
crianças apresentam um conhecimento prévio para a leitura, devido o contato
informal com diferentes tipos de texto, principalmente na paisagem urbana.
Neste aspecto, ganha
destaque a teoria de Piaget, que enfoca a importância do meio para o
desenvolvimento da criança. Se uma criança tem contato frequente com a escrita
e a leitura, maior facilidade terá para entender qualquer material gráfico
apresentado a ela.
Continuando com as
pesquisas das autoras, elas analisam a escrita das crianças, percebendo que
estas fazem diversas palavras, utilizando as mesmas letras, só que em ordem
diferente, como se descobrissem as possibilidades combinatórias para ordenar e
classificar tais palavras, comuns ao seu cotidiano. Para essas crianças,
segundo Ferreira e Teberosky (1999, p.204) “descobrir que duas ordens
diferentes dos mesmos elementos possam dar lugar a duas totalidades diferentes
é uma descoberta que terá enormes consequências para o desenvolvimento
cognitivo nos mais variados domínios em que se exerça a atividade de pensar”.
Porém, a constante insistência
da família e da própria escola em querer que a criança aprenda por meios de cópias,
pode desenvolver nessa criança uma dependência maior do adulto e diminuir suas
possibilidades criativas. Assim, é preciso deixa que a criança descubra a
escrita sem a presença de modelos, para que ela utilize suas próprias
possibilidades gráficas.
Essa consequência
cognitiva em relação à escrita vale também às outras áreas do conhecimento, que
serão maior aprofundadas quando a leitura e a escrita estiverem mais
desenvolvidas na criança. O sucesso nas diversas áreas do conhecimento
dependerá exclusivamente das possibilidades inventivas da criança ainda nos
primeiros anos do ensino fundamental, onde ela pode desenvolver uma base solida
de aprendizagem.
Em análises realizadas
por Emilia Ferreira em seu livro Reflexões sobre Alfabetização é possível
constatar a diferença notável de ensino-aprendizagem através de codificação ou
representação durante o processo de ensinar e aprender na escola.
A utilização de métodos
baseados apenas na codificação dos conteúdos não possibilita à criança compreender
o que tem por detrás desse simples código, levando-a a uma aquisição técnica do
conteúdo. Ao contrário disso, se o professor trabalha com um sistema de
representação, a aprendizagem ganha um significado e começa a ter sentido.
Entendendo melhor esse
sistema de representação, que Ferreiro (2010, p16e17) relata em seu livro,
tem-se que:
a
invenção da escrita foi um processo histórico de um sistema de representação,
não um processo de codificação. Uma vez construído, poder-se-ia pensar que o
sistema de representação é aprendido pelos novos usuários como um sistema de
codificação. Entretanto, não é assim. [...] não se trata de que as crianças
reinventem as letras nem os números, mas que, para poder se servir desses
elementos como elementos de um sistema, devem compreender seu processo de
construção e suas regras de produção [...].
Concluindo com as
análises das pesquisas tanto de Ferreiro em seu livro “Reflexões sobre
Alfabetização” e de Ferreiro e Teberosky em “Psicogênese da Língua Escrita”,
chega-se ao foco principal da metodologia. O professor precisa entender que o
importante não é o a busca por um método que norteie seu fazer pedagógico, mas
agir de forma com que a criança busque o seu conhecimento sobre o que ela vive
e vê, vivenciando situações em sala de aula, que representem o real, ou seja, a
realidade que a cerca, mesmo que, para isso ele precise articular métodos que
ajude nessa questão.
O papel do professor
Até aqui foi exposto
uma série de períodos e metodologias em que o professor deve ficar atento para
poder intervir de forma adequada conforme a idade da criança. Mas para que
possa compreender melhor como se dá a construção do conhecimento em todas as
disciplinas, já que o professor do ensino fundamental I aplica todas, é
necessário, além do que já foi mostrado, entender que cada aluno tem seu jeito
próprio de aprender, isto é, cada um constrói seu conhecimento de maneira diferente
do seu colega. Daí o grande desafio do professor.
O trabalho pedagógico
nesse sentido visa entender o pensamento de cada aluno, para poder desenvolver
melhor o ensino-aprendizagem na sala de aula. Esse processo de interação entre
professor e aluno, consiste em, primeiramente, identificar o que a criança já
sabe, para então fazer a mediação necessária para que seu aluno evolua para os
outros níveis escolares com maior conhecimento.
Isto mostra,
claramente, que o conhecimento teórico é relevante para a prática pedagógica,
pois o professor precisa saber planejar e criar situações de aprendizagem que
leve a criança um conhecimento consistente e, isso só será possível se o
profissional pedagogo tiver ciente de seu dever perante a sociedade e
comprometido em dominar o conteúdo acadêmico, além das outras áreas de
conhecimento que envolve seu trabalho como professor.
Para esclarecer melhor
esse assunto Soares (2010, p,44) explique que
esse
professor mediador deverá ter consciência de que seu papel não está não está
limitado a “dar lições e a corrigir erros”. Ele estará atento à possibilidade
da criança de assimilar ou não uma informação, de compreender ou não a correção
de um “erro”. Saberá, assim, distinguir o momento e a circunstância em que é
mais eficaz intervir no processo a partir de uma problematização, de um
questionamento, pela oferta de uma nova experiência ou, ainda pela permissão de
uma nova exploração de possibilidades de desempenho.
Outro aspecto fundamental
para a aprendizagem infantil é proporcionar um ambiente onde a criança desperte
o gosto pela aprendizagem, tanto em relação ao ambiente concreto, quanto às
atitudes dos profissionais da educação, principalmente o professor. Este deve
estimular a criança, deixando transparecer que ela é capaz
de
aprender e progredir. Um exemplo é a leitura, pois o professor que lê
constantemente pode despertar no aluno o gosto pela leitura. O aluno precisa
perceber que pessoas a sua volta se encantam pelos livros, daí o aluno entenderá
que isso não é uma necessidade exigida pela escola, mas acima de tudo, um
caminho para o entretenimento e conhecimento.
Cada aluno, com sua
especificidade, tem ideias, experiências e o tempo de aprendizagem diferente do
outro, mostrando o que é preciso analisar cada situação, cada resultado que o aluno
pode obter. De acordo com Piaget as crianças passam por períodos de
desenvolvimento definidos pela idade em que a criança se encontra, mas como
cada um pensa, age e participa de situações socialmente diferentes, é preciso
entender que essa classificação pode variar e, em alguns casos as crianças
podem demorar mais para completar e entrar no período correspondente à sua
idade.
Para entender melhor o
trabalho de Piaget, será tratado aqui como se processa a fase em que a criança
passa de um período para o outro, onde ocorrem as mudanças mais significativas,
em que a criança busca um novo equilíbrio para satisfazer suas novas
necessidades.
A fim de compreender
melhor todo esse processo que envolve a teoria de Piaget, será citado o texto
de Soares (2010, p.11e12) para entender como se dá a aprendizagem.
Segundo
a teoria piagetiana, a constante interação entre o individuo e o mundo exterior
é o processo pela qual se dá o desenvolvimento intelectual humano. A interação
leva a uma oscilação contínua entre equilíbrio e desequilíbrio. Quando o equilíbrio
se restabelece, tem-se uma adaptação.
A
adaptação é, dessa forma, constituída por dois processos deferentes, porém
indissociáveis: assimilação e acomodação. [...] Quando há a incorporação dos
elementos do mundo às estruturas de conhecimento, pode-se dizer que houve
assimilação. No entanto, pode acontecer que alguns objetos não se encaixam nas
estruturas cognitivas em desenvolvimento. Ele terá, então, que ajustar sobre
suas estruturas, modificando-as, ou mesmo criando outras, até que aconteça a
acomodação.
Levando em conta todos
os aspectos ligados à aprendizagem fica mais fácil uma intervenção pedagógica
consistente e positiva, partindo dos erros e acertos para propor avanços e
elaborar atividades que contribuam para o processo criativo e ativo da criança.
Todo esse processo fará
parte do sujeito no decorrer do seu desenvolvimento, entendendo o mundo de
diversas formas a cada momento.
Para
Haydt (2006, p.48), ”dos estudos de Piaget podemos inferir alguns pressupostos
pedagógicos” para nortear o trabalho do professor em sala de aula:
·
Conhecer cada período de desenvolvimento
dando oportunidade para as expressões naturais do aluno;
·
Problematizar as atividades da sala de
aula, para estimular a reflexão e o sentimento de descoberta própria do aluno
desafiado;
·
Propor atividades que estimulem o
pensamento para ampliar a inteligência. Isso se concretizará através de
atividades que envolvam experimentos, pesquisas, trabalho em grupo e interação
direta com o real;
·
Oportunizar a manipulação direta de
objetos concretos, principalmente na contagem matemática;
·
Disponibilizar em alguns momentos os
jogos para melhorar a concentração e o entusiasmo dos alunos, além de ser
propício à atividade de cooperação entre os envolvidos e um excelente meio de
se desenvolver moralmente e socialmente;
·
Estimular a interação verbal entre os
alunos, mantendo bom convívio com o grupo, desenvolvendo suas estruturas
cognitivas;
·
Ouvir as opiniões dos alunos para poder
ajudá-los se necessário.
A
partir disso fica claro que uma intervenção adequada pode ser o caminho para o
bom desenvolvimento do aluno, contribuindo para o seu sucesso dentro e fora do
ambiente escolar, em aspectos que envolvam um pensamento autônomo, crítico e
criativo.
Percebe-se que o tema
aqui abordado é bastante amplo, por isso se encontra dificuldades em trilhar um
único caminho. Porém, leva a entender que existem várias possibilidades de se
compreender os meios que podem ajudar o aluno a se desenvolver melhor.
O primeiro passo, para querer melhorar o
ensino e a aprendizagem, é ver o aluno como um sujeito ativo e pensante que
constrói o seu conhecimento, compreendendo e agindo no mundo que o cerca.
Isso faz concluir que,
analisar como se processa a construção do conhecimento do aluno, leva o
professor a entender o seu papel como agente facilitador desse processo,
utilizando-se de metodologias que promovam, ainda mais, o desenvolvimento desse
aluno.
BIBLIOGRAFIA
ARANHA,
Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da
Educação. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2006 (p. 278 e 279).
_______.
História da Educação e da Pedagogia.
3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2006 (p. 276 e 277).
BOCK,
Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma
introdução ao estudo de Psicologia. Ana Mercês Bahia; Odair Furtado; Maria
de Lourdes Trassi Teixeira. São Paulo: Saraiva, 2008.
FERRACIOLE,
Laércio. Aspectos da Construção do
Conhecimento e da Aprendizagem na Obra de Piaget. V. 16, nº 2, p. 180-194,
ago. 1999. Disponível em: //http://www.fsc. ufsc.br/cbef/port/16-2/artpdf/a5.pdf//.
Acesso em: 15 abr. 2013.
FERREIRO,
Emília. Reflexões sobre Alfabetização.
25. Ed. São Paulo: Cortez, 2010.
FERREIRO,
Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da
Língua Escrita. Porto alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
HAYDT,
Regina Célia Cazaux. Curso de Didática
Geral. 8. ed. São Paulo: Ática, 2006.
SOARES,
Maria Inês Bizzotto. Alfabetização
Linguística: da teoria á prática. Maria Inês Bizzotto Soares; Maria Luisa
Aroeira; Amélia Porto. Belo Horizonte: Dimensão, 2010.